domingo, 29 de janeiro de 2017

Com vocês, Enrique Buenaventura.

Enrique Buenaventura nasceu em Cali, Colômbia, em 19 de fevereiro de 1925. Desde tenra idade e até seus últimos anos, sentiu uma grande devoção à literatura, desenho, pintura, sendo empregado como um mineiro, marinheiro, pintor, jornalista, cozinheiro e mais. Sendo no Teatro que ele deixou uma grande herança cultural a nível regional, nacional e internacional.




Ele foi diretor durante vários anos da Escola de Teatro do Instituto Departamental de Belas Artes de Cali. Passa por diferentes países da América Latina (Venezuela, Brasil, Argentina e Chile) e retorna à sua cidade natal, onde começou a trabalhar para o teatro regional e nacional, mudando a mentalidade de teatro colombiano até então. Assim, depois de estudar artes plásticas em Cali e Bogotá, e filosofia na Universidade Nacional da Colômbia em 1955,  funda o Teatro Experimental de Cali, (sendo o seu diretor  até pouco antes de sua morte). Mais tarde, em 1975, funda em Cali também a Oficina de Teatro, e em 1980, a Escola de Teatro, onde atores, atrizes e diretores recebem treinamento e formação.

O "New Theater Colombiano",  significa o nascimento do primeiro movimento de teatro com o seu próprio nome, onde se apresenta, em conjunto, o grupo de indivíduos que a compõem. Este novo teatro é baseado em uma intenção totalmente social que inclui o contexto e o problema exercitando um teatro, na maioria dos casos, auto-didata. aderindo às correntes de teatro do mundo contemporâneo. 

Seus trabalhos são caracterizados pela crítica social (relacionada com a sua militância de esquerda) e empregando várias técnicas de teatro (influenciado por Bertolt Brecht) propõe, assim, alcançar um teatro de caráter popular. Tem sido amplamente encenado, estudado e traduzido em várias línguas.

Enrique Buenaventura morreu em 31 de dezembro de 2003 e seu corpo descansa debaixo de uma mangueira nas instalações do Teatro Experimental de Santiago de Cali.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Naufrágio.

Nas ondas do mar da Cultura, somos botes náufragos, arremessados violentamente contra os rochedos erguidos por quem não gosta de navegar.







quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Não falo daquelas aqui presentes...

O Teatro nos possibilita vivenciar emoções e sentimentos que seriam incapazes de serem sequer imaginados, caso não nos dispuséssemos a servir esta Arte que nasce do próprio homem, sua representação da vida e suas loucuras na representação dos sonhos. E do que nos vale vivenciar emoções de outrem, distantes de nosso mundo, perversos, com qualidades e defeitos que, muitos, não possuímos? Acredito que tenho uma das possíveis respostas: Ao nos aproximarmos do filho morto pela ditadura militar da Colômbia na cena de Henrique Buenaventura, em "La Autopsia", ou ao espiarmos pela fresta da porta, a menina enclausurada e isolada da sociedade desde o nascimento até seus dezoitos anos de idade, em "Escola de Mulheres", de Molière, ao entrarmos no quarto da Sônia do Nélson, é que nos tornamos mais complacentes com a vida humana e com o próximo humano, àquele que nos rodeia. Aqueles humanos que jamais conceberiam o Teatro como algo capaz de transpor a própria existência, se materializando na existência de alguém que nem sequer existiu.

Mas, por ser, criador e criatura, indissociáveis, a sua essência é a mesma, tornando-se em real o que se imaginou, pelo simples fato da imaginação não nascer do nada, mas das experiências vividas realmente pelo seu criador.


Dessa forma, entendemos as fraquezas humanas, solicitudes, devaneios, desvios, obsessões, egocentrismos, deformações, daqueles que as possuem ou as praticam e não nos sentimos no direito de julgá-las, pelo fato de entendermos, e aqui não está escrito aceitarmos, suas fraquezas ou virtudes.

Na peça "O Urso", de Tchekhov, Smirnov se exalta ao externar seus pensamentos sobre as mulheres de sua época e de todas as épocas: "Amei apaixonadamente de todas as maneiras. Gastei com este sentimento sublime metade da minha vida e das minhas posses, mas agora, agora muito obrigado, agora não dou mais uma moeda sequer. Pendurem-me num prego com as pernas para o alto se uma mulher for capaz de amar alguém além do seu próprio cachorro! Olhem para a alma delas, o que se vê? Um crocodilo dos mais ferozes! Não falo daquelas aqui presentes, mas de todas as mulheres."

É seu comentário.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Janeiro finda

O primeiro mês do ano já termina... Ufa! Início de ano vem com papel de presente amassado, pedaços da ceia esquecidos no freezer, vestígios de areia e sal, o corpo um pouco mais pesado. Renova-se os objetivos e os projetos, ou, no nosso caso, aprofundamos o que até então tratou-se de maneira superficial. O espetáculo começa a caminhar agora, de maneira mais consciente, com força nas próprias pernas, treinadas pela necessidade da melhora de todos os envolvidos no processo. O espetáculo, quase maduro, transborda o pensamento para além das coisas corriqueiras e diárias que nos envolvem e nos faz dar um passo a mais, nos faz experimentar outros sabores de olhares e sorrisos, de silêncios e despedidas em palco, fazendo-nos sentir outros gostos até então desconhecidos.

Dessa forma, os personagens estão mais vivos do que nunca, pois já não são os mesmos que se mostraram há seis meses atrás; mudaram de opiniões, viveram outros cenários, se conheceram melhor e mais.



E nesse auto conhecer irreal do personagem que existe na exata medida em que o ator existe é que nos descobrimos tomados do poder da Vida, que gera a Vida e que com uma simples decisão é aniquilada para que outras Vidas possam surgir em seu lugar, em outros cenários, em outros tempos, envoltos sempre pela magia do espetáculo.

Ainda bem que é assim.