Rompe,
incontinente, ferida da terra, submergindo do centro vermelho das brasas, do
núcleo da vida; jorrando, explodindo, em milhões de gotas, meteoros, chuva de
fogo. E cada partícula carrega uma semente de vida.
Paremos
para ver que pedra é esta que caiu bem perto, aqui.
Brilha
incandescente, emana calor quase que insuportável e seca o ar em toda à sua
volta. Mas, aos poucos, bem devagarzinho, vai esfriando, lentamente, deixando
ver pedra de vidro em meio a labaredas e fumaça. Depois de fria é diamante
gigante de vidro, cristal transparente, translúcido, de uma lucidez ímpar, e
olhando atentamente, bem pertinho, percebe que algo vive dentro dele. Que bate
um coração bem no centro da pedra e que um novo ser está a ser gerado ali.
Começa a se mexer, mas bem reteso, como se os músculos também de pedra fossem,
como se o cristal enrijecido, crosta brilhante, se lhe trancasse os pulsos e
retivesse qualquer intenção de movimento. Mas aos poucos, bem devagarzinho, gota
a gota, a pedra dura vai se dissolvendo. Um pouco de pedrinha que se vai, e mais
um pouco e mais outro e outro. Enfim, vê-se liberto, braços abertos, cabeça
erguida, pernas em riste, pronto pra enfrentar qualquer batalha.
Já nem precisa
de armadura, munição ou armamento, já nem precisa estar presente no momento,
contanto que reviva cada gesto, cada olhar de esgueio e o resto é se deixar
fluir. Não há segredo, quando se tece a idéia, a idéia cria vida e vai viver por
nós a cena. No texto dito pelo ator que o interpreta com a verdade que só a ele
interessa, irá contagiar o outro, certamente, e estando posto o jogo, só nos
resta jogar, brincar e ser felizes, ainda que tudo acabe quando as luzes se
apagarem, quando o último sair do teatro, quando as cortinas se fecharem sobre o
palco.
Faça-se o Ator e o Ator foi feito!
"A mais eficiente
organização dos homens ainda é um simples arremedo da mais singela disciplina
determinada pela administração sideral dos orbes, sistemas solares e das
galáxias do cosmo. Um mentor que atinge determinada ciência ao deitar e acorda
sabendo mais todos os dias, viaja para dentro de si mesmo e já não morre de
doença comum aos humanos, morre lentamente ao não caber em si o vôo da gaivota." (Ramatís).
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