"O
Urso" conta a
história de Eliena Popova, que depois da morte do marido resolve se
enclausurar entre quatro paredes como esposa fiel e não tirar o luto até o fim
de seus dias. Depois de sete meses sem receber ninguém em sua casa, nunca
abrindo a porta para conhecidos ou desconhecidos, vê-se em situação inusitada
quando Grigori Stepánovicht Smirnov, um tenente reformado da artilharia e
senhor de muitas terras, vem cobrar uma dívida que seu finado esposo deixou em
haver. A partir daí uma sequencia de situações embaraçosas tem início, de um
lado, a viúva, disposta a pagar a dívida mas sem condições naquele instante,
insistindo que só teria o dinheiro depois de dois dias, quando seu administrador
voltasse da cidade. De outro lado, o credor insatisfeito, não podendo esperar
dois dias pois precisa pagar os juros do banco agrícola antes disso. Em meio
a desacatos e explicações, o casal vai tecendo um retrato do pensamento da
sociedade da Rússia do início do século XX, revelando muitas semelhanças com
nossa própria sociedade atual. Uma comédia de costumes escrita em 1888, com um
final surpreendente. Abaixo reproduzimos um excerto da peça, ilustrando parte da
trama que será apresentada.
(...)
Eliena Popova: Se meu marido
deixou uma dívida com o senhor é evidente que vou pagá-la. O senhor me
desculpe,mas hoje não disponho desse dinheiro em casa. Depois de amanhã meu
administrador voltará da cidade e então mandarei que lhe pague. Mas agora não
posso atender a seu pedido. Além disso, hoje completam exatamente sete meses
desde a morte de meu esposo e meu estado de ânimo e tal que realmente não estou
disposta a tratar de assuntos financeiros.
Grigori Stepanovitch
Smirnov: E meu estado de ânimo é tal que se amanhã eu não pagar os juros,
então estarei frito. Vão hipotecar a minha propriedade!
Eliena
Popova: Depois de amanhã o senhor receberá o seu dinheiro.
Grigori
Stepanovitch Smirnov: Preciso do dinheiro hoje e não depois de
amanhã.
Eliena Popova: Penso não ter sido clara em minhas
palavras! Hoje não tenho condições de lhe pagar a dívida!
Grigori
Stepanovitch Smirnov: E eu penso não ter sido suficiente claro em minhas
palavras. Eu não posso esperar até depois de amanhã. (...)
Em breve.
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